"Em 2003, fazendo um tour pela Europa com minha esposa, passamos por Nice. Sem falar francês, toda nossa comunicação era mesmo em inglês, apesar dos franceses detestarem. Mas, ainda na estação de trem, tentei entender um problema que estava acontecendo: um acidente no trecho entre Nice e Ventimile, na Itália, havia interditado a ferrovia. Teríamos que tomar um ônibus até essa cidade italiana e então pegar o trem para Roma, nosso outro destino. A grande confusão foi entender que nós teríamos que tomar um ônibus para Ventimile. Ao que eu só entendia meu sobrenome "Beuttenmüller" - pronuncia-se "bóiten-muiler". Repondia à funcionária que meu nome não era "ventimile", mas "boiten-muiler". Ao que ela me corrigia. Ao final, depois de muito tempo, ela apresentou-me um mapa e, foi quando ficou esclarecido: ela estava se referindo à cidade de Ventimile.É bom prestar atenção às diferenças de sotaque em diferentes línguas, mesmo quando se fala inglês, lembre que outras pessoas também falam, mas os sotaques variam bastante! Dois dias depois, seguíamos de Nice para Roma e fomos providenciar tomar o tal ônibus. Outro baita problema. Havíamos entendido que deveríamos ir até a Estação Rodoviária. Engano. Não havia nenhum ônibus de Nice para Ventimile.O ônibus, aliás, eram dezenas de ônibus que haviam sido fretados pela companhia do trem, sairiam de um pátio ao lado da estação ferroviária. Foi o maior sufoco, centenas de pessoas amontoadas, espremidas, sem informações, sendo empurradas e "xingadas" por policiais, sem entendermos absolutamente nada. Só lembrávamos de filmes sobre nazismo, quando embarcavam judeus com destino incerto.Minha esposa começou a chorar, e a angústia tomou conta de boa parte das pessoas.Enfim, chegou de repente um verdadeiro comboio de vários ônibus de turismo. Éramos centenas de pessoas: velhos, crianças, mulheres, enfim, toda aquela gente com destino à tal Ventimile.Chegamos à estação de trem desta cidade faltando apenas cinco minutos para a partida do trem. Uma correria terrível, por corredores que nem mesmo sabíamos onde iriam terminar. Embarcamos em um vagão qualquer com o trem quase partindo e enquanto esse se locomovia, íamos à procura do vagão de nossa classe - 1ª -, mas mais parecia um trem cargueiro de tão sujo, feio, sem conforto.A viagem transcorreu tranquila, com várias paradas durante toda a madrugada, mas o pior - sem água, lanches, ou qualquer possibilidade dessas coisas. Não havia o vagão-restaurante. Chegamos em Roma por volta das 8h da manhã seguinte, com fome, uma sede terrível, sono, cansados, enfim, loucos para chegarmos ao hotel. Para nossa surpresa, o check in só seria possível no horário programado – meio-dia. Nos acomodamos nas poltronas do hotel e dormimos até podermos conquistar a cama mais confortável de toda a vida! Conselho: nunca deixe de carregar consigo umas garrafinhas de água e uns pacotinhos de biscoitos. Pode ser fundamental - mais até que a câmera fotográfica - em determinados momentos." (Alfredo Beuttenmüller)


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