Um espírito de competição tomou conta do século XII no que se referia à construção de catedrais. O desconhecido mestre (idealizador e construtor) dos trabalhos de Notre Dame em Paris, logo no início do trabalho em 1150, decidiu que esta catedral seria a mais alta igreja existente na época. Assim os trabalhos começaram e, quando o coro estava praticamente terminado, foi tomada mais uma corajosa decisão, aumentar ainda mais a altura da catedral, agora a uma altura um terço mais alta do que qualquer outra catedral existente.

Notre Dame tornou-se assim um lugar de grandes discussões pois, além da beleza criada pela grande altura, muitos problemas, nunca antes enfrentados, começaram a surgir. Sua altura se tornou tão grande que a luz que entrava pelas janelas situadas na parte superior das paredes da catedral não atingia o chão. Quanto mais alta ficava sua estrutura, mais problemas eram encontrados, dentre eles a grande velocidade e, principalmente, a grande pressão dos ventos.


Frente a esses problemas, os mestres construtores e estudiosos encontraram uma solução: abóbodas ogivais, arcobotantes e contrafortes introduzidos em 1180 (vide foto ao lado). Esses novos elementos estruturais propiciaram paredes mais altas e resistiram aos esforços laterais gerados pelas abóbadas e pelo vento. Porém, frente a pequenas rachaduras, os construtores perceberam pontos falhos nesse esquema estrutural e, em 1220, modificaram a estrutura, além de terem introduzido escadarias ao lado dos corredores e galerias (vide sistema estrutural).

Em 1250, Jean de Chelles, mestre construtor do período, decidiu substituir as paredes dos transeptos por paredes de vidro (vide foto da visão interna da catedral). Livres da influência de cargas, foram abertos nessas paredes grandes orifícios que foram preenchidos com vidros e estruturados apenas por dois pequenos pilares. Assim, formou-se com centenas de blocos de pedra uma belíssima moldura para esses vidros em forma de rosa, delineando a fachada da catedral (vide foto ao lado).

A perfeição e habilidade do trabalho de Jean de Chelles, desenvolvendo a geometria e supervisionando o corte das pedras, foi tanta que essa moldura de pedra vem suportando 117 metros quadrados de vidros há mais de 700 anos e, nos 100 anos seguintes, pouco menos de 20 janelas tentaram superá-la em tamanho, porém nenhuma realmente conseguiu.


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